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Ferdi lança "Devaneio", seu quarto álbum de inéditas, com composições que transportam para um ambiente onírico e de subjetividades

Por Sacso Brasil   

12/12/2023 11h38 - Atualizado em 12/12/2023 11h46



Crédito: Renato Quirino


Como um mergulho na subjetividade humana, bebendo da fonte das mitologias, Ferdi Oliveira traz para suas letras e melodias o que há de mais sutil na vida. Com sua bagagem da psicologia, os temas agora se aprofundam com os simbolismos de devaneios e sonhos. É um retorno à simplicidade de músicas gravadas no quarto junto com os poderosos arranjos de Fernando Baeta que dão a sensação de um grande devaneio, um ambiente onírico onde as fantasias, os sonhos e o mundo simbólico podem de alguma forma se materializar em som. O novo trabalho de estúdio se chama "Devaneio”, conta com 13 faixas autorais e está disponível nas principais plataformas de streaming. Ouça aqui.

 

Ferdi possui três álbuns de composições próprias já lançados, o Ginga de Gigante (2016), Na Pele (2018) e Griô (2020), trazendo sua voz marcante, acordes dançantes e letras profundas. Seu novo álbum, Devaneio, é um projeto contemplado e patrocinado pelo Fundo de Investimentos Culturais de Campinas - FICC 2022, pertencente à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo da Prefeitura Municipal de Campinas. O FICC tem como finalidade fomentar a produção artística local. 

 

Meu último lançamento foi em outubro de 2020, no meio da pandemia. De lá pra cá as composições amadureceram muito, mas o que é engraçado é que algumas músicas deste álbum já estavam na gaveta há alguns anos e agora foram resignificadas. Talvez tenha sido meu mecanismo de defesa ou só um contato maior comigo mesmo durante a pandemia, mas foi o momento que mais compus músicas na minha vida. Então acho que é um momento de muito mais maturidade tanto em composição como de vida em relação aos últimos lançamentos”, conta Ferdi.

 

O artista se propõe a recriar, de certa maneira, a figura do Griô, que é um componente essencial em algumas comunidades africanas ocidentais, cuja função principal é informar, educar e entreter através do canto e da contação de histórias. Por esse caminho, Ferdi continua a mensagem do disco Griô (2020) se aprofundando ainda mais no tema e também adentra o universo subjetivo, permeando o coletivo nas relações sociais e resgatando símbolos que transformem e empoderem as pessoas através da criatividade, da arte e da imaginação.

 

Para este projeto, Ferdi arranjou grande parte das músicas junto com Fernando Baeta. Baeta é o arranjador de quase todos os seus discos – Ginga de Gigante e Griô (2020) –, mas desta vez Ferdi teve um papel mais ativo no processo, o que talvez tenha impactado na sonoridade, já que o cantor agora tem um papel maior de fala nas músicas. Ferdi gravou alguns baixos e baterias do disco e sugeriu a Baeta, enquanto ele refinava o som final. Nos discos anteriores a música já chegava pronta no violão ou piano e voz. “Desta vez eu me aventurei mais nos arranjos e compus mais os próprios instrumentos”, completa Ferdi.


Conheça o trabalho do artista


Devaneio

Na Pele

Tecido Live Session

Clipe Ponto e Vírgula

Perfil no Spotify

 

Faixa a Faixa:


Entrelinhas

Eu fui ao pé da letra

No anseio de encontrar

Algum sentido

Algum não dito

Pra me explicar

Busquei um asterisco

Um nota de rodapé

A marca d'água

Ou alguma mágoa

Pra dizer como é

Me passou despercebido

Achei que não estava lá

O que eu já tinha muitas vezes lido

Estava nas entrelinhas

Medi cada palavra

E nenhuma me serviu

Ou era larga

Ou apertada

E nada definiu

Cumprida essa sentença

Não coube na oração

Perdi por um período o sentido

Na pressa da expressão

Me passou despercebido

Precisei recomeçar

Pra escutar o que o silêncio me gritava e estava lá... nas

entrelinhas

 

Devaneio


Eu descanso a vista

E quando vejo estou

Em outro lugar

Sem nenhuma pista

De como eu divaguei

Tão devagar

E se o tempo for pra trás?

Noutras linhas temporais

Onde eu coloquei os finais

Será só o começo?

Ou será que eu fui longe demais?

Fui por um caminho

E agora que cheguei

Não sei voltar

Tentei refazê-lo

Mas eu me despistei

 

Em outro pensar


E se o tempo for pra trás?

Noutras linhas temporais

Onde eu coloquei os finais

Será só o começo?

Ou será que eu fui longe demais?

Algum empecilho

Me trás de volta aqui

Do devaneio

Saio do meu delírio

Pra essa música que

Parei no meio

 

Delírio de vida


Dois passos pra trás

Um pra frente

O tempo vai passar

Indiferente

Nos resta aprender

Com os erros

E nos preencher

Das histórias que temos contamos a nós mesmos

E as ideias são

Só recortes

Em uma colagem

De cores fortes

E o que é real?

Discutível

Ah mas não faz mal

Eu separo e reconcílio

Sigo com meu delírio

De vida

O vazio me espreita

E se eu der espaço

Pode me esvaziar

Vou me costurando

No fio da meada

Sem perder a linha

Pra poder me equilibrar

Consciência tão

Maleável

E a certeza

Sempre questionável

Dividir sentidos

Com os outros

Ouvir e ser ouvido

Ser um pouco no todo

É quase que um sopro

 

A cobrar


Se eu der 

Tudo de mim'

Mas à quem quero enganar

Dou o que puder

E mesmo assim

Acho que não vai bastar

E na pressa de chegar

Dei uma volta e meia

Me vi no mesmo lugar

Sem ver o que rodeia

Da um tempo pra sonhar

Esfriar a cabeça

Por as coisas no lugar

Em que eu me reconheça

Se eu me culpar

Mais coisas me cobram

E podem me quebrar

Vou me desdobrar

E ainda me sobram

Os cacos pra juntar

Mas na pressa de chegar

Dei uma volta e meia

Me vi no mesmo lugar

Sem ver o que rodeia

Da um tempo pra sonhar

E esfriar a cabeça

Por as coisas no lugar

Em que eu me reconheça

 

Outra maneira de me comunicar


Há coisas que são

Imensuráveis

Inomináveis

Estão por aí

Eu sei que saber

É tão aprazível

Mas tão discutível

Com as coisas que vivi

Se eu não estou aqui

É que eu fui buscar

Outras maneiras de

Me comunicar

Pego palavras que

Estão soltas no ar

Mas que não bastam

Para me eu expressar

Algumas questões

São indecifráveis

Mas tão razoáveis

Que moram em mim

E eu aceito sim

O Imprevisível

O incompreensível

Até o fim

 

Fantasia


Que eu saiba já não se sabia

Se era ontem, hoje noite ou dia

Enquanto minha certeza derretia

O lugar cheirava a fantasia

(Então uma explosão

De cores e sabores

Me sinto em expansão*

Mistura de odores )

Às vezes eu pensava e acontecia

Todos os sentidos em sinestesia

Os arrepios vindos da minha nuca

Lá no fundo uma sensação maluca

Tudo aumentava ou diminuía

As formas e o som em uma melodia

Nada que de fato eu entendia

Mas que de algum jeito eu ja conhecia

((Nada de acordo com

As estimativas

Outra dimensão

Em tantas perspectivas))

A mente oscila cheia e vazia

Aonde eu estava eu já não sabia

Flutuo num momento agradável

Minha consciência quase que palpável

Fantásticas as cores que eu via

A imaginação é o que me conduzia

Outras formas de olhar que não a minha

Respirando o silêncio que uma pausa tinha

 

Achados e Perdidos


Um relogio parado, um desenho amassado

Um disquete cheio de informação

Uma boneca, um livro, brinquedo quebrado

Um cheiro de guardado e solidão

As coisas esquecidas e perdidas no vento

Tantas as memorias que aqui estão

 

Mas ali congeladas paradas no tempo

Ficam quase que em outra dimensão

E quanta coisa que ainda tem por la

Vou passear

Pelo achados e perdidos sem achar

E então navegar

Por entre as coisas que ninguém que mais usar

Uma bola já murcha, uma roupa rasgada

Já foram de alguém em outra ocasião

E agora são tralhas já valem mais nada

Mas afeto não costuma ter preço então

Quantos tesouros de alguem estao por la

Vou passear

Nos achados e perdidos sem procurar

E então navegar

Por entre as coisas que ninguém lembra onde está

Vou me encontrar

Se os achados e perdidos visitar

E eu vou flutuar

Por entre as coisas que o mundo abandonar

 

Por de trás da fresta


Se convidou

A se virar do avesso

Então brindou

E dançou consigo mesmo

Entra

De tudo que há lá fora

O que trará?

Tenta

Se deixar ir embora

Pra se deixar entrar

E então catou

Os espólios da festa

E espiou

O mundo pela fresta

Entra

De tudo que há lá fora

O que trará?

Tenta

Se deixar ir embora

Pra se deixar entrar

Do seu canto

Saiu seu mundo inteiro

Todo encanto

E todo desespero

 

Sai

Pra visitar lá fora (de dentro pra fora)

E o que vai levar?

Vai

E quando for embora

Quem sabe se reinventar?

 

Avoado


Ia lá pegar

Mas eu me distraí

O que fui buscar

Eu esqueci

Meio desatento

Um tanto avoado

O que eu procurava

Tava do lado

É que já cheguei na idade em que a novidade lembra muito algo que

eu já passei

E isso me fez pensar de que nunca e muito tarde pra aprender alguma

coisa que não sei

É que faz um tempo que eu não leio nenhum livro novo, um daqueles

que outro dia eu comprei

Tipo quando eu era bem mais novo eu tinha tempo o tempo todo, mas

pera um pouco que eu viajei.

Esqueci da vida

E quando eu vi

Tropecei na guia

Nem percebi

Nem olhei pro lado

Nem vi o que tá rolando

Sai embaraçado

Cantarolando

 

Rosa dos Ventos


No bolso guardado só

A rosa dos ventos

Segue lado a lado

Com seus pensamentos

O relógio parado

Pra cada momento

E vai demorado mas

Com discernimento

Que ainda tem muito

Chão pra pisar

E mande notícias

Quando chegar

Pare se tiver motivos

 

Para parar


Lembre que o caminho

Sempre vai estar lá

Nunca haverá um só pra trilhar

Se tiver que dar algum

Passo pra trás

Não se aflinja nem

Se cobre demais

Que ainda tem muito

Chão pra pisar

E mande notícias

Quando chegar

Pare se tiver motivos

Para parar

Lembre que o caminho

Pode até mudar

Nunca haverá um só pra trilhar

 

Ideia Torta


Por de trás da porta

Uma ideia torta

Querendo entrar

Vagarosa

Será que alguém indica

Uma boa terapia

Pra sustentar

O dia a dia

Mas se alguém pular, tbm vou entrar?

Ahhhh

Vejo um sorriso com malícia

'Pode entrar

Que água tá uma delícia'

Não é a água em si que é ameaçador

O que assusta é ver quanta gente pulou

Alguém me belisca

Apaga ou já risca

Meu nome da lista

Tô fora dessa aposta

Quando eu falo com a parede

Na maior parte das vezes

Ela não da

Nenhuma resposta

Ahhhh

Tem um sorriso com malícia

'Pode entrar

Que água tá uma delícia'

 

Não é a água em si que é ameaçador

O que assusta é ver quanta gente pulou

Agora eu olho onde eu piso

Já que tem um abismo

Ao interpretar

As perspectivas

Então eu boto em conserva

Aquela velha ideia

Pra escutar

Novas narrativas

 

Interior


Fui na casa da preguiça

Ela pediu pra avisar que não está

Passei pela casa do desejo

Esse queria muito que eu fosse visitar

A inveja na janela

Algo a incomodava e ela foi ver

Era o ciúme preocupado

Pois ele sempre tem tudo a perder

Viajei e fui

Pro interior

Pra ver além dos contos

Todos lá já

Ouviram falar do amor

Eu fui ao seu encontro

Bati lá na casa da ganância

E lá num tinha nem lugar pra sentar

De tanta coisa acumulada

E ela não me ofereceu nem nada pra tomar

A vingança não estava

Essa não tem nem sossego pra comer

Vive muito atarefada

E nada que ela faça parece resolver

Viajei e fui

Pro interior

Pra ver além dos contos

Todos lá já

Ouviram falar do amor

Eu fui ao seu encontro

A raiva já não tinha casa

Perdeu no incêndio que ela mesmo começou

O medo já não falava nada

Pois dentro de sua casa ele se trancafiou

Depois de tanta caminhada

Finalmente vi uma das faces do amor

Com sua casa bem cuidada

Que pra construir todo mundo ajudou

 

Ficha Técnica:

 

Voz, violão e piano: Ferdi (Fernando Oliveira)

Percus./Voz: Zi Vasconcellos

Bateria: Guilherme Sobral

Guitarra: Guilherme Alves

Baixo: Pedro Ghoneim

Saxofone: Fernando Sagawa

Trompete: Henrique Manchúria

Técnico de som: Josias Emanuel Teles de Assis

Técnico de luz: Denis Kageyama

Arranjador/Direção musical: Fernando Baeta 

Arte gráfica: Renato Quirino


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