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Encarnación discute ideia de identidade de gênero a partir da manipulação bioquímica do corpo e estreia dia 08 de fevereiro no Sesc Pompeia


Idealizado por Flow Kountouriotis, o espetáculo de dança mostra o percurso poético traçado pelo corpo do bailarino em seu processo de transição hormonal 


Por Sacso Brasil   

26/01/2024 09h37 - Atualizado em 26/01/2024 09h40



Crédito: Thaís Grechi


Em busca urgente por uma política ciborgue, um futuro ancestral artificial e uma nova ideia de identidade de gênero, o performer e diretor Flow Kountouriotis idealizou Encarnación, que estreia no Sesc Pompeia. O espetáculo fica em cartaz por lá entre os dias 08 e 18 de fevereiro, com apresentações de quinta-feira a sábado, às 21h30, e aos domingos, às 18h30.



Uma espécie de “fábula especulativa”, o espetáculo é uma insistente reflexão sobre as manifestações de ficção de gênero que trazemos em nossos corpos. Apresenta uma pesquisa sobre a molécula da testosterona (C19H28O2), o que ela carrega bioquimicamente nos corpos, como pode ser manejada em quantidade, manipulada como potencialidade e sua representação social."

 

“Quando pensamos em fábulas especulativas, estamos pensando em outras ficções possíveis, outras possibilidades de existência, novas maneiras de se relacionar, novos corpos. Escutamos outras espécies, outras frequências, chamando outras criaturas, evocando o passado e o futuro, praticando outras maneiras de se comunicar. Evocar uma outra narrativa para o cotidiano da humanidade. A linha invisível que define por exemplo o que é natural e o que é artificial em um corpo vai se tornando cada vez mais líquida”, explica Flow sobre esse termo usado pela bióloga e escritora estadunidense Donna Haraway e, aplicado de outras maneiras pelo filósofo espanhol Paul Preciado.


Em cena, o corpo do bailarino desenha um percurso poético que traça as possibilidades que um corpo carrega enquanto tem seu processo de transição hormonal acontecendo, na administração regular de injeções de testosterona, mas também, no uso de outras ferramentas de fabricação de identidade e próteses tecnológicas. Junto ao público manifestam-se algumas ideias de futuros possíveis que aos poucos estão se desenhando. 


“Insistimos na manipulação da subjetivação e composição dos corpos para que outros caminhos se apontem; e isso tudo já acontece, não é nenhuma nova ideia ou grande revelação, mas existe a urgência de que seja manipulada de outra forma toda essa alquimia ficcionada. Quando injeto testosterona intramuscularmente no meu corpo, é alterada minha percepção de mundo, e a maneira como o mundo me percebe, são próteses possíveis, disponíveis, complementares”, acrescenta o performer.


Para criar essa discussão, o espetáculo explora práticas de BMC (Body-Mind Centring), manejo do sistema endócrino e diversos dispositivos de produção de corporalidade, evocando um corpo em travessia, na incerteza, na não-evidência, no estranho. 


As práticas de BMC (Body-Mind Centring), de acordo com Lucas Brandão, dramaturgista e preparador corporal do trabalho, são uma espécie de abordagem integrada para a experiência transformadora através da reeducação e repadronização do movimento.


“Elaborar o corpo através da via somática, e especificamente do Body-Mind Centering é criar estratégias para emancipar-se de noções prévias de si, ampliando as possibilidades de atuação. Se o nosso sistema nervoso é quem rege o funcionamento das glândulas e produção hormonal, ampliar sua percepção é decolonizar infinitas possibilidades de dinâmicas de corpos no mundo”, revela.


Assim como essa ideia de repadronização, a transição de gênero é um movimento constante. “Sinto que todos os corpos, de todos os seres humanos, e seres vivos, junto do planeta e do universo, estão em constante movimento. Mas, em matéria de transição de gênero, acredito que não exista um começo e nem um fim - apesar de cada pessoa ter uma percepção diferente a partir da própria experiência. Há apenas o corpo que existe agora, e os corpos podem mudar ao longo do tempo, transitar pelo espectro infinito que é a produção da identidade do sujeito”, acrescenta.


Ficha Técnica


Direção geral e performance: Flow Kountouriotis

Dramaturgismo: Lucas Brandão

Assistência de direção: Flora Dias

Direção de som: Renan Luís

Iluminação: Lina Kaplan e Flora Dias

Direção de movimento: Key Sawao

Preparação corporal: Lucas Brandão

Figurino: Bruno Correia

Colaboração: Carolina Mendonça

Design gráfico: Juno B

Fotos (divulgação): Mayra Azzi e Thaís Grechi

Assessoria de imprensa: Pombo Correio

Intérprete Libras: Rive Agra

Produção: Aura Cunha | Elephante Produções


Sinopse


Encarnación é uma arena ficcionada, uma antena parabólica, frequência do invisível. Ficções que se acoplam a nós, e com as quais nós dançamos, uma dança perigosa. Movimentos que evocam um futuro multiespécie, um rito de fundação de novas criaturas, novos canais de intercomunicação. Uma fábula especulativa.A obra investiga a produção de novas identidades possíveis através de tecnologias diversas, softwares, próteses acionadas no corpo do bailarino. A alteração manipulada dos corpos como filtro de percepção sensível do mundo. Uma busca urgente por um futuro ancestral artificial. C19H28O2 Uiuiui! La Alquimia


Serviço


Encarnación, de Flow Kountouriotis

Temporada: 08 a 18 de fevereiro, de quinta-feira a sábado, às 21h30, e aos domingos, às 18h30

Sesc Pompeia - Rua Clélia, 93, Água Branca

Ingressos: R$40 (inteira), R$20 (meia-entrada) e R$12 (credencial plena) 

Classificação: 18 anos

Duração: 60 minutos

Acessibilidade: sala acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida


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