Nova temporada do Balé da Cidade de São Paulo reúne obras inéditas de duas coreógrafas brasileiras
Explorando pesquisas distintas das danças contemporâneas, Michelle Moura apresenta um jogo entre o natural e o artificial com tão carne quanto pedra, e Rafaela Sahyoun pensa o pulso como força organizadora em BOCA ABISSAL. A segunda temporada do Balé da Cidade ganha o palco da Sala de Espetáculos entre os dias 23/05 e 01/06. Os ingressos variam de R$ 11 a R$ 92 (inteira) e a duração é de 100 minutos com intervalo
Por Sacso Brasil
21/05/2025 15h20 - Atualizado em 21/05/2025 15h23
Após uma temporada de grande sucesso com Réquiem SP, o Balé da Cidade de São Paulo apresenta duas novas criações, ambas de autoras brasileiras expoentes da dança internacional. A primeira é de Michelle Moura, sob o título tão carne quanto pedra, e a segunda é de Rafaela Sahyoun, intitulada BOCA ABISSAL. As apresentações desta segunda temporada serão realizadas nos dias 23/05, sexta-feira, 20h, 24/05, sábado, 17h, 25/05, domingo, 17h, 28/05, quarta-feira, 20h, 31/05, sábado, 17h, e 01/06, domingo, 17h. Os ingressos variam de R$ 11 a R$ 92 (inteira).
Segundo o diretor artístico da companhia, Alejandro Ahmed, as duas artistas elencadas para produzirem novas obras para o Balé da Cidade de São Paulo são coreógrafas que desenvolvem um modo muito sofisticado, intenso e original de criar dança, trazendo novamente a importância de criadoras nacionais que desenvolveram suas pesquisas no Brasil e fazem parte de um circuito importante de dança contemporânea internacionalmente.Parág
“A definição de coreografia é um mergulho constante que ultrapassa a etimologia da palavra e se projeta em suas práticas expandidas. Michelle Moura e Rafaela Sahyoun, emergem nesta temporada com um corpo coreografado e coreográfico — uma verdadeira morfografia de suas danças. Aqui, a coreografia conecta de forma contínua, a retroalimentação entre o corpo que dança e o coletivo que a ele responde e o devolve ao mundo”, explica o diretor.
Abrindo o espetáculo, a estreia de uma nova criação de Michelle Moura, intitulada como tão carne quanto pedra, articula os corpos em humores, animalidades, forças, controle e abandono, apartadas da terra, gerando tensões e deformações que se espalham como ondas elétricas pelo espaço. Bailarina e coreógrafa brasileira radicada em Berlim, Michelle Moura em seus trabalhos dos últimos 12 anos tem explorado mudanças psicofísicas como em não piscar (BLINK), falar sem mover a boca (Overtongue), hiperventilar (FOLE).
As concepções de Michelle são feitas a partir da manipulação de expressividades e intensidades, com um acúmulo visceral-minimalista de gestos, sons e significados. A proposta é produzir fantasmagorias psicofísicas que revelam aspectos energéticos e emocionais do corpo, enquanto se buscam fricções/ficções entre as categorias de “natural” e “artificial”.
“O título evidencia a simplicidade da fórmula química elemental humana dentro da ordem terrena: somos o pó dos sapatos de alguém, o lítio na bateria, o petróleo em alta pressão sob a terra, a hiena limpando a carcaça. Tão sublimes e sem importância quanto a flor, a formiga, o escarro”, explica a artista.
Na segunda metade, será apresentado o espetáculo intitulado como BOCA ABISSAL, de Rafaela Sahyoun. Artista da dança e das matérias do corpo, a paulistana Rafaela Sahyoun se aprofunda no fazer coreográfico, na educação e na pesquisa continuada, atuando como bailarina colaboradora em contextos nacionais e internacionais.
Em BOCA ABISSAL, ao deslocar o foco da forma para a variação, da narrativa para a ressonância, a obra propõe o afeto como política do sensível. Ela não impõe compreensão nem identificação. Ela convida à percepção do corpo – percebido em si. A obra coreográfica parte da premissa de pulso como força organizadora, sistema de relação e agente coreográfico. Instaurando um campo onde a dança vai se compondo no entre espaço vibrátil onde os afetos ressoam, em estado de propagação.
“BOCA ABISSAL se ancora em um desejo de produzir energia nesses tempos de exaustão. Os bailarinos se aproximam e se distanciam, eles orbitam e atravessam, criando esse espaço de afetabilidade. Isso vem tanto dos atravessamentos deles nos espaços e vem do próprio movimento que tem uma proposta de rebote”, finaliza Rafaela.
Nova temporada do Balé da Cidade de São Paulo terá ciclos de debate sobre a dança contemporânea
Sempre uma hora antes de cada sessão, será realizado o evento Antes da Cena, com entrada mediante a apresentação do ingresso do espetáculo. O projeto tem apresentação de Paula Petreca, artista da dança, mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP e doutoranda em Artes da Cena pela Unicamp, e abordará o tema “Por que falar de coreógrafas?”. Diante de um programa assinado por duas coreógrafas, a ideia do ciclo de debates é refletir sobre a presença e também as ausências de autorias femininas no campo da dança.
SERVIÇO
Balé da Cidade de São Paulo
tão carne quanto pedra e BOCA ABISSAL
Theatro Municipal de São Paulo – Sala de Espetáculos
Sexta-feira, 23/05 às 20h
Sábado, 24/05 às 17h
Domingo, 25/05 às 17h
Quarta-feira, 28/05 às 20h
Sábado, 31/05 às 17h
Domingo, 01/06 às 17h
tão carne quanto pedra
Michelle Moura, concepção e coreografia
Clarissa Rêgo, assistente de coreografia
Maikon K, pesquisa dramatúrgica
Kaj Duncan David e Rodrigo Lemos, trilha sonora
Kabé Pinheiro, percussão
Rafael Cesario, violoncelo
Reptilia por Heloisa Strobel, figurino
Aline Santini, desenho de luz
Camila Schmidt, cenografia
Stephanie Fretin, assistente de cenografia
Luiz Parisi, visagismo
Elenco: Alyne Mach, Ana Beatriz Nunes, Ariany Dâmaso, Carolina Martinelli, Cleia Santos, Erika Ishimaru, Fabio Pinheiro, Grécia Catarina, Leonardo Hoehne Polato, Leonardo Silveira, Luiz Crepaldi, Renée Weinstrof e Uátila Coutinho
Intervalo (20’)
BOCA ABISSAL
Rafaela Sahyoun, concepção e coreografia
Inês Galrão, assistente de coreografia
Daniela Moraes e Gustavo Cabral, design de movimento
Judita Tripar, estágio em pesquisa continuada e composição coreográfica
Yantó, trilha sonora, produção musical, mixagem, programações, vozes e sintetizadores
Frederico Pacheco, gravação, mixagem e masterização
Leandro Vieira, percussões acústicas, cuíca e onça
Bruna Lucchesi e Rodrigo Mancusi, coro
Karina Mondini - Tela Studio SP, figurino
Aline Santini, desenho de luz
Camila Schmidt, cenografia
Stephanie Fretin, assistente de cenografia
Luiz Parisi, visagismo
Elenco: Bruno Rodrigues, Camila Ribeiro, Fabiana Ikehara, Gutielle Ribeiro, Harry Gavlar, Isabela Maylart, Jéssica Fadul, Leonardo Muniz, Luiz Oliveira, Marcel Anselmé, Marcio Filho, Marina Giunti, Marisa Bucoff, Odu Ofá, Rebeca Ferreira, Safira Sacramento, Silvia Sousa e Victor Hugo VillaNova.
Classificação livre
Duração de 100 minutos (com intervalo)
Ingressos de R$ 11 a R$92 (inteira)
Programação sujeita a alterações.
Patrocínio do NuBank. Apoio de Koda Kultur, Art Music Denmark e Statens Kunst Found.
Sobre o Complexo Theatro Municipal ee São Paulo
O Theatro Municipal de São Paulo é um equipamento da Prefeitura da Cidade de São Paulo ligado à Secretaria Municipal de Cultura e à Fundação Theatro Municipal de São Paulo.
O edifício do Theatro Municipal de São Paulo, assinado pelo escritório Ramos de Azevedo em colaboração com os italianos Claudio Rossi e Domiziano Rossi, foi inaugurado em 12 de setembro de 1911. Trata-se de um edifício histórico, patrimônio tombado, intrinsecamente ligado ao aperfeiçoamento da música, da dança e da ópera no Brasil. O Theatro Municipal de São Paulo abrange um importante patrimônio arquitetônico, corpos artísticos permanentes e é vocacionado à ópera, à música sinfônica orquestral e coral, à dança contemporânea e aberto a múltiplas linguagens conectadas com o mundo atual (teatro, cinema, literatura, música contemporânea, moda, música popular, outras linguagens do corpo, dentre outras).
Oferece diversidade de programação e busca atrair um público variado. Além do edifício do Theatro, o Complexo Theatro Municipal também conta com o edifício da Praça das Artes, concebido para ser sede dos Corpos Artísticos e da Escola de Dança e da Escola Municipal de Música de São Paulo.
Sua concepção teve como premissa desenhar uma área que abraçasse o antigo prédio tombado do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e que constituísse um edifício moderno e uma praça aberta ao público que circula na área.
Inaugurado em dezembro de 2012 em uma área de 29 mil m², o projeto vencedor dos prêmios APCA e ICON AWARDS é resultado da parceria do arquiteto Marcos Cartum (Núcleo de Projetos de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura) com o escritório paulistano Brasil Arquitetura, de Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz.
Quem apoia institucionalmente nossos projetos, via Lei Federal de Incentivo à Cultura: Shell, Nubank, Bradesco e igc Partners. Pessoas físicas também fortalecem nossas atividades através de doações incentivadas.
Sobre a Sustenidos
A Sustenidos é uma organização referência na concepção, implantação e gestão de políticas públicas na área cultural que já impactou a vida de mais de 2 milhões de pessoas em 25 anos de atuação. Atualmente, é gestora do Complexo Theatro Municipal de São Paulo, do Conservatório de Tatuí e do Musicou, além do projeto especial MOVE e o festival Big Bang. De 2004 a 2021, também foi gestora do Projeto Guri, maior programa sociocultural brasileiro. Eleita pelo prêmio Melhores ONGs a Melhor ONG de Cultura em 2018 e uma das 100 Melhores ONGs do Brasil em 2022, a Sustenidos conta com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, da Prefeitura Municipal de São Paulo e outras, de empresas e pessoas físicas. As instituições interessadas em investir na Sustenidos podem contribuir por verba livre ou através das Leis de Incentivo à Cultura (Federal e Estadual). Pessoas físicas também podem ajudar de diferentes maneiras. Saiba como contribuir no site da Sustenidos.