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Incômodos

Por Américo Nouman Jr., Sacso Brasil

27/04/2025 10h05   -   Atualizado em 27/04/2025 10h10



Américo Nouman Jr.

Jornalista, Empresário, Roteirista, Diretor e Autor de Peças como Casa, Comida e Alma Lavada!", "Bregópera - Uma Comédia Musical", "Esse Cara Sou Eu", "Dois Por Um Fio", "Paraíso Dos Infernos", entre outras

Assédio, Cantada, Paquera e Galanteio

 

Reformas, transformações. Tudo ou quase tudo, sempre ou quase sempre precisa de reforma, passa por transformações. A reforma, em geral, é provocada por necessidades para modernização, otimização, reorientação ou coisas do tipo. As transformações acontecem, via de regra, de forma mais orgânica, um processo mais natural.

 

A norma se aplica para coisas e pessoas. A reforma sempre busca trazer melhorias ou melhoras de alguma condição e, no final, mesmo com possíveis enganos de projeto ou de execução, a tendência de se alcançar o objetivo é grande. Ocorre que o processo leva ao caos.

 

As transformações também passam por processos dolorosos, normalmente mais lentos e o resultado final nem sempre é para melhor. Hábitos e costumes sofrem alterações graduais desde que o ser humano existe.

 

Lógico que racismo, misoginia, xenofobia, machismo, homofobia ou quaisquer outros preconceitos devem ser combatidos sempre. Eu, particularmente, acredito que a intolerância é também uma forma de preconceito e, como tal, um adversário a ser vencido.

 

Passamos por um momento de grandes transformações e, muitos de nós, estamos desorientados sobre o que é certo ou errado, moderno ou ultrapassado. Desorientação essa que faz a todos nós, sem exceções, intolerantes extremados.

 

Nunca fui racista, aliás, nunca entendi o racismo. Entendo menos ainda as razões pelas quais não posso mais chamar a velhos amigos de “neguinho” ou “negão”, mas meus amigos podem continuar a me chamar de turco (por causa de minha origem árabe).


Ou se não podem, entendo menos ainda, porque as críticas não são na mesma proporção. Ainda nesse sentido, cresci ouvindo, por exemplo, expressões como raça negra, negritude, dia da consciência negra e que tais e que a palavra preto era ofensiva.


Hoje, com a transformação, parece que o correto é falar raça preta. O que fazer se eu ainda me sinto ofensivo com esse termo?


Por falar nisso, e é apenas mais uma opinião, não acho que o preconceito esteja na palavra e sim na forma como ela é dita e mais ainda na maneira desigual que se trata os iguais.

 

Algumas coisas, entretanto, continuam claras para mim, mesmo na minha imensa ignorância. A diferença entre assédio, cantada, paquera e galanteio.

 

Assédio é crime e como tal deve ser tratado. Assédio sempre acontece pelo poder, seja pela força física, seja pela posição social. Assédio é crime.

 

Cantada, paquera e galanteio não. A transformação é necessária, mas ela está numa fase em que tudo vira mimimi, que é o nome moderno da intolerância.

 

Se desde que o Mundo é Mundo, hábitos e costumes passam por transformação, na mesma data surgiram as cantadas, a paquera e o galanteio.

 

Ah, mas a cantada é invasiva! Invasiva quando?


Invasiva por quê?


A cantada talvez seja a forma mais rápida de alguém demonstrar interesse noutro alguém. Uma piscadela é assédio, é invasão?

 

A paquera é, provavelmente para todos, a mais gostosa fase entre os casais. A paquera nunca é unilateral e, afinal, quem não gosta de ser paquerado?


Ah, mas a paquera causa constrangimento.


Causa mesmo?


Em quem?

 

O galanteio é outra coisa. O galanteio é ainda mais inofensivo porque pode não estar associado a qualquer interesse, o galanteio é na maioria absoluta das vezes, pelo menos na minha opinião, uma forma educada, eventualmente bem humorada de elogio.


É sedutor?


É?


Mas sedução constrange?


Seduzir é crime?


É errado?


Quem não gosta de ser seduzido, ser tratado com elogios?


O galanteio quebra gelos, aproxima as pessoas. No mais das vezes um galanteio não vem associado a qualquer interesse sexual. Sou um galanteador.

 

Hoje, com todas essas transformações pela quais passamos a boêmia, a piada, o “tirar um sarro”, a gargalhada, a cantada, a paquera, o galanteio, mudaram de classificação e se chamam medo.

 

E viver com medo é horrível de lá pra cá e de cá pra lá.


*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Site Sacso Brasil. Ficando a cargo dos nossos colunistas usar a liberdade de expressão   assegurada em nossa constituição.



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